LEITE, LATICÍNIOS E PREVENÇÃO DO CÂNCER. A INCRÍVEL HISTÓRIA DE JANE PLANT.
A história da cientista britânica Jane Plant é extraordinária e bastante
ilustrativa da influência da alimentação na produção do câncer. Jane
Plant é professora, geoquímica e chefe do setor de pesquisas geológicas
do British Geological Survey, uma prestigiosa instituição pública
britãnica, dedicada à investigações geológicas. Sua história pode ser um
dos exemplos mais significativos capazes de alimentar esperanças em
muitas mulheres que apresentam câncer. Jane sobreviveu a cinco tumores
mamários.
Vejamos o que nos relata a própria professora Jane Plant:
Meu marido Peter (que é professor de Geologia) e eu trabalhamos com problemas ambientais na China, tempos atrás. Repentinamente, eu lembrei de um maravilhoso atlas de epidemiologia que alguns colegas chineses me deram de presente. Nessa publicação havia o relato de que a ocorrência de câncer da mama nas mulheres chinesas era de 1 caso em cada 100.000 mulheres. Comparei com a ocorrência de 1 caso em cada 10 mulheres, no Reino Unido e na maioria dos países ocidentais. Procurei verificar a correção dessa informação com respeitáveis acadêmicos que eu conhecia naquele país e, ao mesmo tempo, ouví de médicos chineses que eles raramente se deparam com casos de câncer de mama durante a sua vida profissional.
Isto foi surpreendente porque eu sabia que as mulheres chinesas que vivem em países com dietas ocidentais, como em Singapura ou nos bairros chineses (Chinatown) britânicos têm câncer de mama. Fiz a Peter a pergunta que salvou a minha vida: por que as mulheres chinesas não contraem câncer de mama ? Nós nos concentramos seriamente no assunto por alguns minutos, e logo nos ocorreu que deveria ser alguma coisa relacionada aos hábitos alimentares. Nós então, nos lembramos de dois incidentes. Peter lembrou que suas colegas chinesas, em uma expedição de campo, tinham produzido leite de vaca em pó para ele, porque elas não bebiam o leite. Na verdade, naquela época, nos anos oitenta eles nem mesmo tinham uma indústria leiteira. Eu lembro que quando tínhamos visitantes chineses em Londres e oferecíamos a eles qualquer laticínio, mesmo um sorvete, a sua reação era a mesma que eu teria se me tivessem oferecido uma tijela cheia de baratas para comer.
Decidí que não perderia nada se deixasse de comer os dois iogurtes que estava habituada a comer todos os dias. Para a minha grande surpresa e para surpresa geral, o câncer desapareceu em seis semanas. O restante da minha dieta à época era vegetariana; eu ainda mantenho uma dieta eminentemente vegetariana até os dias atuais.
É claro que vencer meu câncer não foi tão simples quanto apenas eliminar os laticínios. Na verdade existem 10 fatores dietéticos e 10 fatores relacionados ao estilo de vida que são muito importantes na prevenção e no tratamento do câncer. Isso não se aplica apenas aos cânceres de mama e da próstata; é válido para todos os tipos de câncer.
Enquanto isso tudo acontecia eu era a Geoquímica Chefe do British Geological Survey onde eu trabalhava, durante a minha doença. Como meus colegas cientistas testemunharam e descreveram a minha recuperação como notável, eles começaram a pedir ajuda para familiares e pessoas amigas com câncer de mama. Acabei ajudando a mais de outras 60 mulheres a vencer as suas doenças, muitas das quais eram as esposas, mães ou amigas dos meus colegas. Ao mesmo tempo, como cientista, eu desejava saber porque eliminando os laticínios da dieta e usando uma alimentação vegetariana, eu conseguí vencer o câncer. Então, consumí muito do meu tempo livre pesquisando a literatura científica.
Como vocês podem imaginar, eu estava tentando desenvolver um trabalho altamente desgastante enquanto precisava fazer todas essas coisas, até que um dia eu reclamei com minha filha, por sentir-me pressionada. Minha filha Emma, simplesmente disse: - Mãe, por que você não escreve tudo isso e passa adiante. Pensei que seria uma boa idéia e escreví minhas observações e os resultados das pesquisas que havia feito. Mostrei a alguns amigos, vizinhos, falei em algumas reuniões até entregar a um amigo editor que transformou o material no livro "Sua Vida em Suas Mãos" que veio a tornar-se um dos mais vendidos internacionalmente. O livro está, agora, em sua terceira edição e tem sido recomendado por numerosos profissionais da área de saúde e, certamente, contribuiu para a minha participação como membro da Real Sociedade de Medicina. Após 13 anos, eu ainda trabalho com pacientes portadores de câncer através do meu próprio programa, constantemente atualizado.
As informações sobre os hábitos alimentares do povo chinês revelam que
os mesmos são inteiramente alheios à preocupação dos povos ocidentais em
beber leite de vaca. Os chineses nunca utilizam o leite de vaca e,
muito menos, amamentam os bebês dessa forma. E, não deve ser uma simples
casualidade o fato de que grandes percentuais da população mundial
sejam incapazes de digerir a lactose. Parece que a "natureza" tenta nos
avisar que estamos ingerindo alimentos errados. É preciso atentar para a
inclusão de leite de vaca não apenas nos produtos diretamente derivados
do leite mas, também, nos alimentos que contém leite, como biscoitos,
bolos, sorvetes, etc...
Além desses detalhes, é importante ressaltar que desde os anos noventa
do século vinte, o Dr. Daniel Cramer, da Universidade de Harvard,
discutiu a relação existente entre o consumo de derivados do leite e o
aparecimento de câncer dos ovários. Outros estudos confirmam a mesma
relação com o câncer da próstata. Essa última relação é confirmada pelos
dados da Organização Mundial de Saúde, que mostram a ocorrência de 1
caso de câncer da próstata em cada grupo de 20.000 homens, nos países
que como a China não consomem leite, enquanto no Reino Unido, ocorrem 70
vezes mais casos de câncer da próstata em igual número de indivíduos.
O Dr. Robert Kradjian, Chefe da Divisão de Cirurgia da Mama do Seton
Medical Centre, na Califórnia recomenda evitar o consumo de leite e seus
derivados a todas as suas pacientes.
O que há de concreto e bastante evidente nessa discussão ?
O leite que os nossos antepassados bebiam ou utilizavam para o preparo
dos laticínios e demais produtos não era igual ao produto que a
indústria leiteira coloca à nossa disposição nos dias atuais. Há
cinquenta anos, cada vaca leiteira produzia anualmente cerca de 1.000
litros de leite. Hoje, as vacas boas produtoras de leite permitem a
ordenha de 50.000 litros de leite por ano. Essa abissal diferença
representa o efeito de numerosas drogas, antibióticos, hormônios em
elevadas quantidades, alimentação forçada e rica, confinamento do gado
leiteiro e especialização das técnicas de engorda. Essa produção de
leite 50 vezes maior deve-se à total mudança das características dos
animais utilizados na produção de leite.
A última palavra na tecnologia à serviço da indústria leiteira é a
utilização de hormônio de crescimento bovino. Esse hormônio, modificado
através de técnicas de engenharia genética tem a capacidade de estimular
a produção de leite. Seu uso é proibido em alguns países mas, como
sabemos, a proibição do uso não significa que o hormônio deixou de ser
usado. Um exemplo recente, em nosso país, mostrou que apesar de
proibida, a adição de soda cáustica ao leite já adulterado por outros
componentes, além da água, contribuiu para aumentar artificialmente o
volume de leite distribuído aos pontos de venda.
Uma outra circunstância é a de que as vacas produtoras de leite, no
passado eram ordenhadas apenas um período durante o ano, enquanto agora
são ordenhadas praticamente 300 dias a cada ano, inclusive durante a
gestação, época em que a produção do leite é maior.
Qualquer animal mamífero elimina toxinas através do leite. Isso inclui a
eliminação de antibióticos, hormônios, pesticidas usados na produção
dos alimentos de engorda e produtos tóxicos do meio ambiente. Além
disso, o leite de vaca contém sangue. As autoridades sanitárias permitem
a distribuição de leite contendo 1 a 1,5 milhões de glóbulos brancos
por cada mililitro de leite. Essas células brancas são, simplesmente, o
principal componente do pús produzido pelos processos de inflamação
crônica das mamas das vacas, que ocorrem em consequência da ordenha
mecânica diária dos animais.
O Dr. Kradjian questiona se o que se bebe hoje em dia ainda pode ser
chamado leite ou se estamos consumindo um coquetel de produtos químicos,
biológicos e bacterianos ?
O excesso de hormônios de crescimento e de hormônios que estimulam a
produção de leite bovino pode ter um efeito deletério na estimulação das
células mamárias humanas para o desenvolvimento dos tumores
hormônio-dependentes e essa pode ser uma das explicações para a enorme
diferença na ocorrência desses tumores entre as populações ocidentais,
em comparação com as populações orientais que não fazem do leite e dos
laticínios a base da sua dieta diária.
Apesar dos comunicados por porta-vozes da indústria leiteira afirmarem
que o consumo do leite e dos seus derivados é isento de riscos, os dados
epidemiológicos existentes parecem mostrar o contrário.
Não é de todo impossível que os interesses financeiros que movimentam
uma indústria mundialmente potente contribuam para desviar a atenção das
pessoas para um problema que, por outro lado, também atende aos
interesses financeiros de uma não menos potente indústria, a
farmacêutica, que produz drogas cada vez mais eficazes para combater o
câncer de mama mas, em contrapartida precisa de mulheres com câncer de
mama para consumir as suas drogas cada vez mais eficazes.
Parece que, em relação ao leite comercializado nos dias atuais, os
interesses comerciais superam os interesses da saúde das pessoas.
Recomendamos que, ao invés de aguardar a palavra "oficial" dos órgãos
governamentais, frequentemente influenciada por estímulos oferecidos
pela indústria, o leite de vaca seja substituído por leite de soja ou
similares ou, até que ressurja o verdadeiro "leite orgânico", o consumo
de leite industrializado seja visto como uma ameaça à saúde e como um
fator contributivo na determinação do aparecimento do câncer de mama e
de outros tipos de câncer.
REFERÊNCIAS:
1. Jane Plant. Dairy free diets to prevent breast cancer. Your Life in Your Hands. Virgin Books, New York, 2007.
2. Corydon Ireland. Hormones in milk can be dangerous. Harvard News office. Boston, Dec 2006.
3. Robert M. Kradjian. The Milk Letter: A Message to my Patients. http://www.notmilk.com/kradjian.txt (downloaded 12 Dez 2008).
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